A Folkcomunicação é tida como a primeira teoria brasileira de comunicação e tem como grande alicerce a tese de Luiz Beltrão, defendida na Universidade de Brasília em 1967. O pesquisador pernambucano vê no folclore uma forma de comunicação coletiva. De acordo com Beltrão, a Folkcomunicação é “o processo de intercâmbio de informações e manifestação de opiniões, idéias e atitudes da massa, por intermédio de agentes e meios ligados direta ou indiretamente ligados ao folclore”.
Ao longo dos anos, a teoria de Beltrão foi ganhando novo fôlego na academia, sendo atualizada e reformulada. Marques de Melo destaca as contribuições de Joseph Luyten, evidenciando a sua concepção de folkmídia, na qual amplia-se a percepção dos processos folkcomunicacionais, não mais considerados apenas a partir da tradução das mensagens massivas pelos comunicadores folk como previam os estudos fundacionais, mas, também, como a apropriação da cultura popular pela indústria cultural, inclusive o turismo.
Em âmbito latino-americano, a Folkcomunicação é discutida nos congressos da Asociación Latinoamericana de Investigadores de la Comunicación (ALAIC), nos congressos da INTERCOM e a Revista Internacional de Folkcomunicação , ambos voltados para as discussões e difusão desta área de pesquisa.
O contexto cultural amazônico
A região amazônica caracteriza-se culturalmente por uma “diversidade diversa”, no dizer do professor e poeta João de Jesus Paes Loureiro. Para além da riqueza produzida pelo imaginário local, mergulhado em lendas e mitos, no âmbito da cultura popular as manifestações expressam a criatividade do caboclo amazônico, indo desde o boi-bumbá, até aos pássaros juninos e cordões de bicho, no estado do Pará, especificamente.
Por esta característica, a Amazônia torna-se um espaço privilegiado para a pesquisa em Folkcomunicação, na medida em que esta teoria volta-se para a análise dos processos comunicativos desenvolvidos a partir da cultura popular. À necessidade de observarmos, no contexto amazônico, a interrelação existente entre a comunicação e a cultura. Mais especificamente, a Folkcomunicação permitiria compreender a cultura popular na Amazônia em seus aspectos comunicativos.
E é nesse sentido a proposta das Conferências de Mídia Cidadã, que acontecem em Belém do Pará, no período de 17 a 22 de outubro. A ideia é trazer para a academia e sociedade amazônicas, no decorrer das mesas, painéis e mostra de vídeo que compõem a programação, as experiências práticas de comunicação dos grupos populares e movimentos sociais, bem como debater as pesquisas realizadas em torno destes temas.
Mais informações em: http://www.midiacidada.ufpa.br/
Texto: Gleidson Gomes
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