Com a proposta de ser uma obra que se (des)constrói em interação com o público, a instalação “Entranhe-se”, do artista plástico Teodoro Negrão, abre o I Festival de Artes Mídia Cidadã, no primeiro dia de atividades do Mídia Cidadã 2011. A obra é elaborada a partir do miriti, produto tropical extraído da palmeira maurita flexuosal, comumente chamada de miritizeiro, encontrada nas matas, várzeas e beiras dos igarapés amazônicos.
“A idéia é que o público interaja com a obra, que ele se sinta proprietário dela, a transforme”, diz Negrão, artista plástico autodidata e estudante do Curso de Cenografia da Escola de Teatro e Dança da UFPA.
“Entranhe-se” é resultado do Prêmio Proex de Arte e Cultura 2010 e parte da pesquisa de mestrado do professor Bruce Macedo, sobre o miriti. Negrão, no entanto, busca experimentar novas formas de resistência e estética para o miriti, tradicionalmente utilizado por artesãos do município de Abaetetuba para fabricar brinquedos e comercializá-los durante o mês de outubro em Belém, no Círio de Nossa Senhora de Nazaré.
Arte em Miriti - Na concepção de “Entranhe-se”, o artista parte de duas pontas de miriti que vão entrelaçando-se e tomando forma, criando possibilidades variadas de leitura. A instalação tem como princípio o trabalho manual (estilete e mão). Pensada para espaços públicos, a obra propõe-se como uma obra aberta. “O nome ‘Entranhe-se’ é para que o público sinta-se livre para intervir, ela é uma obra efêmera. Em outros locais, teve gente que começou a mexer na estrutura, mudando a sua forma. Isso para mim é transformar, recriar a obra”.
Por essa idéia de diálogo, interação, Negrão considera que “Entranhe-se” comunica-se com o público. Por isso, ele vê no Mídia Cidadã 2011, um espaço privilegiado para a exposição de seu trabalho. “A obra tem essa relação abstrata com o homem, cada um vai ter uma opinião sobre ela. Me sinto bem dentro desse processo de comunicação, mas o importante é que o público tenha essa incomodação, eu quero é cutucar para ver no que vai dar”.
Artista e obra - Teodoro Negrão mora em Belém, tem 33 anos e é joalheiro. Trabalha há cerca de dois anos e meio com o miriti. A partir desse material, já criou bois-bumbás, máscaras africanas, objetos para o grupo de cultura popular Arrarial do Pavulagem e para escolas de samba para o Carnaval de Belém.
“Entranhe-se” já foi exposta em outros locais, como a Praça da Bíblia, na Cidade Nova e na Praça da República, atrás do Instituto de Ciências da Arte (ICA). Porém, a instalação não se repete, sendo recriada em cada espaço de exposição.Para contatar o artista, acesse o Facebook: Teodoro Negrão Negrão.
Mais fotos em: http://www.flickr.com/photos/65674443@N08/
Texto: Gleidson Gomes
Foto: Tammy Caldas
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