Belém, de 17 a 22 de outubro
Centro de eventos Benedito Nunes


Acompanhe as notícias da II Conferência Sul-Americana e VII Conferência Brasileira de Mídia Cidadã! O evento, promovido pela Cátedra UNESCO/UMESP de Comunicação para o Desenvolvimento Regional e Rede Nacional Pró-Mídia Cidadã, é uma realização da Universidade Federal do Pará.


Para mais informações acesse o site: http://www.midiacidada.ufpa.br/




sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Comissão Organizadora agradece aos participantes do Mídia Cidadã 2011

A Universidade Federal do Pará e a comissão organizadora do Mídia Cidadã 2011 agradecem a todos que participaram do evento e que contribuíram para o sucesso das Conferências realizadas pela primeira vez na Amazônia: professores, pesquisadores, alunos de graduação e de programas de pós-graduação do Brasil inteiro e dos países da Bacia Amazônica e da África. Sobretudo, aos coletivos, artistas, representantes das mídias alternativas e dos movimentos sociais, organizações não-governamentais, empresas privadas e entidades públicas de todo o Brasil.

Todas as participações foram indispensáveis para alcançar os objetivos do evento, como promover o intercâmbio de experiências midiáticas e ampliar o debate a respeito de como a mídia, enquanto palco de demandas e discussões sociais, precisa também ser palco de variadas vozes, questões e interesses – seja na produção, disseminação ou crítica de produtos e ações comunicacionais.

Agradecemos ainda aos inúmeros e-mails de congratulações enviados depois do evento. Aproveitamos para avisar que todos os certificados serão enviados por e-mail em até 20 dias.

Esperamos que muitos outros projetos aconteçam na Região Amazônica, promovendo sua integração, fortalecendo o direito de comunicar de seus habitantes e o debate entre a Sociedade e a Universidade.


Até breve.

Professora Maria Ataide Malcher

Coordenadora geral do evento

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Debate em torno dos movimentos de contravenção social marca último painel do Mídia Cidadã 2011

“Movimentos de ‘contravenção’ social”. Esse foi o tema do quinto e último painel de discussões da programação do Mídia Cidadã 2011, coordenado pela professora Ariane Pereira, diretora da Rede Brasileira de Mídia Cidadã. O Coletivo Puraqué, da cidade de Santarém (PA), e o Movimento Hip-Hop Organizado do Pará estiveram presentes no painel. O uso da mídia como meio de promoção da cidadania e de fortalecimento da cultura popular foi um dos pontos dicutidos. A tônica desses movimentos é o ativismo midiático. Ambos são movimentos de contravenção, contestação de um modelo hegemônico de comunicação.

O Coletivo Puraqué, representado por Jader Gama, fundador do movimento, atua em função da inclusão digital e da educação ambiental de populações que não tem vez nem voz na grande mídia, como as comunidades quilombolas e indígenas. Com o objetivo de propiciar a formação técnica dos membros das comunidades em que atua e fomentar a construção de uma comunicação realmente comunitária, o projeto oferece cursos e oficinas de cultura digital. É nesses espaços públicos de ensino/aprendizagem que as comunidades se apropriam das ferramentas de comunicação digital, compreendem o funcionamento e montagem do computador, programam computadores a partir de softwares livres e produzem, em plataformas multimidiáticas, conteúdos relativos às questões ambientais e populares, como o desenvolvimento sustentável e a economia solidária. Em suma, o que se pretende com o uso da tecnologia, de ferramentas digitais e softwares livres, é a construção de uma comunicação cidadã, que atenda as demandas e os interesses dessas populações e proporcione o bem comum.

Marcos Hayden, integrante do Movimento Hip-Hop Organizado do Pará, apresentou o movimento como um símbolo de contravenção de um modelo hegemônico, tradicionalmente instituído, de comunicação e de contestação dos desvios políticos e das injustiças sociais. O hip-hop é um movimento sóciocultural e também uma forma alternativa de comunicação, de reação aos mais diversos problemas sociais: corrupção, machismo, homofobia etc. É uma cultura que tem seu berço nas ruas da periferia, geralmente marginalizada nos meios de comunicação de massa.

Ao contrário de como é representado em grande parte dos casos na grande mídia, pejorativa e preconceituosamente, o movimento hip-hop é uma cultura engajada que desenvolve ações e projetos sociais destinados, sobretudo, a crianças e adolescentes. O movimento já trabalhou, por exemplo, com programas educativos e culturais voltados a menores infratores da Fundação da Criança e do Adolescente do Pará (FUNCAP). Marcos destacou que o movimento hip-hop atua, não na apologia ao crime ou às drogas, como é dito e mostrado geralmente na mídia hegemônica, mas na conscientização da população, na formação de uma consciência crítica, solidária e cidadã, por meio da arte e da cultura. A linguagem do hip-hop, combativa e organizada, prega não a conformação, mas a libertação. A transmissão de valores positivos, como a paz social, a defesa dos direitos humanos e da cidadania são marcas do movimento. “A valorização do ser humano e da vida”, segundo Marcos Hayden, é a ideologia e o sentido original do movimento.

Texto: Pedro Fernandes

Maria Cristina Gobbi (UNESP) e Joice Santos (MPEG) falam sobre a cidadania em uma cultura digital

As práticas possíveis de cidadania e os desafios para se alcançar a comunicação plena na cultura digital foram algumas das questões apresentadas por Maria Cristina Gobbi (Universidade Estadual Paulista/Bauru/SP - UNESP) e por Joice Santos (Museu Paraense Emílio Goeldi - MPEG), durante o penúltimo painel do Mídia Cidadã, “Cultura digital e cidadania”.

Maria Cristina Gobbi discutiu temas centrais para uma reflexão crítica em relação à cultura digital e a todas as possibilidades. No contexto atual, de grande diversidade cultural e comunicacional, é notória a potencialidade de todos falarem. “Mas se todos falam, quem escuta?” – questionou a professora e pesquisadora.

Em entrevista, Gobbi afirmou que ao pensar o processo comunicativo em relação à internet e à televisão digital, “em que as grandes bandeiras são que ‘todos têm que ter voz’, como profissionais da área de comunicação a gente tem que pensar: se todos têm que ter voz, todos têm que ouvir também, então tem que ser recíproco”. Entendendo a comunicação enquanto um processo, ela continua: “Então essa recíproca tem sempre que ser verdadeira, porque senão não há um processo: se torna uma via de mão única, que era o que acontecia (o que acontece) com os meios de comunicação de massa – um fala e todo mundo ouve. Nós só invertemos: todos falam e ‘um’ só ouve...”.

Apostando na cultura digital enquanto uma possível saída para ampliar o conhecimento da diversidade sócio-cultural e ambiental da Amazônia, Joice Santos também falou em entrevista sobre os desafios para melhorar as condições dessa cultura para quem tem acesso limitado a ela: “Eu acredito sim, eu acho que isso é mais do que possível. Você tem hoje uma possibilidade de fazer algo que há dez anos atrás necessitava ter muito dinheiro. Então hoje a gente não tem mais essa barreira econômica: a nossa barreira é de melhorar a qualidade de serviço e ampliar”.

A diversidade de situações, de questões, de cenários, a possibilidade das pessoas terem acesso e aproveitar esse acesso não só como consumidor mas sendo produtor de informação são barreiras, mas para a assessora de comunicação do MPEG, “a gente tem condições de melhorar bastante esse jogo pro nosso lado. A gente não só tem a condição, acho que a gente tem o dever de fazer”.

Fica o recado...
Para compartilhar, fica a mensagem de Joice Santos dita ao final da entrevista: “A gente vive num mundo tão desigual, num país tão desigual, e essa desigualdade é uma barreira para a possibilidade das pessoas viverem melhor. E se você se incomoda com isso você tem a obrigação de fazer alguma coisa. E essa obrigação de fazer alguma coisa não significa sofrimento: a gente pode fazer alguma coisa, aprender e se divertir, e é isso que eu tento fazer”.

Texto: Élida Cristo

sábado, 22 de outubro de 2011

"Cabelinho de Fogo" no CineBikeSom - I Festival de Artes Mídia Cidadã

Ao vermos o senhor Dilomar, 44 anos, passeando com sua bicicleta pelas ruas da Terra Firme e do Guamá, bairros da periferia de Belém, poderíamos passar por ele sem estranhar, não fosse o potente sistema de som do seu veículo, o seu figurino e o seu cabelo, característica que inclusive lhe dá o apelido de “Cabelinho de Fogo”, como é mais conhecido pelos moradores e pelos clientes do serviço de divulgação que ele faz.

Dilomar começou o trabalho de divulgação sobre duas rodas há oito anos e, desde então, além da experiência e de muitas histórias acumuladas, conseguiu equipar sua bicicleta com vários itens que fazem a diferença na hora da propaganda. Antes disso, ele já trabalhava com a comunicação. Durante algum tempo foi locutor na Rádio Comunitária Cidadania, do bairro da Terra Firme, e atribui a essa experiência no rádio a sua desenvoltura com o microfone em cima da bicicleta.

Sobre esse tipo de prática no rádio, ele lamenta que o governo dificulte a concessão de radiodifusão. Dilomar afirma que muitos talentos que surgem nas rádios comunitárias estão sendo desperdiçados por conta da burocracia na área das telecomunicações e não entende como uma rádio que trabalha para a comunidade não recebe permissão para funcionar.

Diferente de outros divulgadores sonoros, o Cabelinho de Fogo não anuncia somente produtos ou estabelecimentos, ele faz um verdadeiro show nas ruas, entrevistando as pessoas, fazendo piadas e até mesmo alertando os pedestres para respeitarem a natureza e não jogar lixo na rua.Essa desenvoltura toda já rendeu até uma visita da TV Brasil, afiliada da TV Cultura, à casa de Dilomar.

Cabelinho de Fogo se considera um comunicador e diz que, apesar de não ter nenhuma experiência acadêmica, possui o dom da comunicação e está sempre trabalhando para melhorar o seu desempenho.

O Cabelinho de Fogo ou Dilomar fez parte do CineBikeSom, uma das intervenções do I Festival de Artes Mídia Cidadã, que ocorre até sábado, 22, em Belém, durante a II Conferência Sul-Americana e VII Conferência Brasileira de Mídia Cidadã.

Texto: Yuri Coelho
Foto: Roberta Aragão

Grupos de trabalho (GTs) marcaram, nesta sexta-feira, 21, a programação do Mídia Cidadã - Parte II

A sala ficou pequena para tanta gente. O Grupo de Trabalho “Mídia, direito e cidadania”, coordenado pelo professor Fábio Castro (UFPA) abriu o primeiro bloco de apresentações com foco no direito de comunicar.

Estruturando o debate, os trabalhos abordaram diversos temas: as rádios comunitárias e toda a adversidade enfrentada por esses veículos para se manterem atuando, o resgate de noções de cidadania promovido pelas telenovelas, além do apelo da grande imprensa quanto à exploração da violência em seus jornais e/ou em outras mídias.

O momento de argumentação coletiva foi bastante rico e cheio de convergências, visto que os problemas evidenciados foram compartilhados em vivências fisicamente distantes, mas muito próximas. Como no caso da atuação extremamente restrita imposta às rádios comunitárias em que questões como o raio de abrangência limitado a um quilômetro é um fator de discordância unânime e muito exposto durante a conferência, nas mesas e plenárias ao longo desta semana. A exploração até desumana de fatos violentos, em que corpos e muito sangue são o enredo preponderante de matérias em muitos jornais também foram temas do debate.

Em outra sala, a temática era as “Estratégias Comunicacionais”, sob a coordenação das professoras Jane Marques, da Universidade de São Paulo (USP), e Ana Laura Corradi, da Universidade da Amazônia (Unama). Privacidade e ética nos sistemas virtuais de compra e venda, esse foi o tema da exposição de Camila Maciel, da USP, que destacou pontos relevantes do e-commerce, definido aqui de forma simplificada como a compra e a venda de produtos e serviços pela rede.

Questões como preservação da privacidade com vistas à fidelização do cliente, respeito ao direito do usuário e satisfação deste, além do vislumbre à ética sob qualquer aspecto foram alguns dos pontos de relevância abordados.

Os seis GTs agruparam, em média, pelo menos 10 exposições. Iniciaram às 14h e encerraram às 18h, na UFPA.

Texto: Rosana Itaparica
Foto: Renan Mendes

Grupos de trabalho (GTs) marcaram, nesta sexta-feira, 21, a programação do Mídia Cidadã - Parte I

Os eixos temáticos dos GTs foram os mais diversos: Relações Midiáticas/Educacionais; Mídia: Imagens Refletidas ou Refratadas?; Antigas e Novas Mídias: Velhas e/ou Novas Direções; Mídia e Relações Políticas; Mídia, Cultura e Juventude, entre outros.

Diversos foram também os enfoques dos trabalhos científicos e dos relatos de experiência apresentados em cada um dos GTs. Destacou-se a relevância do uso dos meios de comunicação para fins pedagógicos, a função de mediador que o educador tem de assumir no processo de formação de seus alunos, assim como a obrigação dele em atuar na seleção de conteúdos pertinentes veiculados na televisão e na Internet com o intuito de suscitar em sala de aula discussões e debates sobre questões de interesse social, como a diversidade de gênero.

O uso da internet no letramento e na inclusão digital de povos indígenas também foi abordado em dos GTs. Os artigos “A Web como Espaço Político e as Possibilidades do Letramento Digital entre os Aikewára” e “A Difusão da Informação em Blogues de Autoria de Povos Indígenas: uma análise de dois blogues produzidos na Amazônia”, trataram dessas questões.

Alguns povos indígenas, na maioria das vezes, nunca são compreendidos de uma forma plural e complexa, mas simplista e até preconceituosa, pela dita grande mídia. Contra a avaliação pejorativa que geralmente têm nos meios de comunicação comerciais, essas populações indígenas encontram nos blogues meios alternativos de divulgação de suas culturas. Trabalhando na produção de conteúdos que representam seus interesses e necessidades e os divulgando na Internet, essas comunidades exercem o seu legítimo direito de comunicar. O bom uso das novas tecnologias da informação e comunicação, nesse sentido, pode tanto promover a inclusão social como reforçar a identidade cultural de grupos e agentes excluídos, parcialmente ou integralmente, da grande mídia.

A construção de identidades na mídia também esteve presente entre os trabalhos apresentados. A construção da auto-estima e da identidade paraenses na mídia comercial foi tema do artigo “Paraensismo: Antropologia, identidade e mídia.” Nele foi mostrado que a identidade paraense na mídia é confeccionada mediante a composição ou arranjos de elementos culturais heterogêneos , pertencentes a grupos sociais do Estado, igualmente diversos, apresentados como “o melhor da cultura paraense”.

Temas relativos à fotografia, ao rádio, ao impresso, aos movimentos sociais, às políticas públicas de comunicação, à charge, entre outros, também fizeram parte das apresentações e discussões dos Grupos de Trabalhos.

Texto: Pedro Fernandes
Foto: Renan Mendes

Mídia Cidadã abre espaço para a democratização da comunicação

Painel realizado na manhã desta sexta, 21, suscita discussões sobre uma comunicação popular e democrática.

A luta por uma comunicação mais abrangente e democrática é um dos objetivos principais do Mídia Cidadã 2011. Mudanças de postura, preocupação com o cidadão e, acima de tudo, a possibilidade de diferentes comunidades se integrarem ao mundo e serem vistas e ouvidas. Todas essas possibilidades estiveram em pauta no Painel “A Luta pela Democratização da Comunicação”, realizado no Auditório Setorial Profissional da UFPA.

Para integrar a mesa e expor seus trabalhos, estiveram presentes a professora Edna de Mello Silva, da Universidade Federal do Tocantins (UFT), Bruno Brasil, da ONG Comitê de Democratização da Informática (CDI), e Solange Engelmann, represente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O painel foi mediado pela jornalista e analista de Ciência e Tecnologia do Museu Paraense Emílio Goeldi, Joice Santos.

Os trabalhos apresentados mostraram a necessidade de uma maior participação de comunidades isoladas no processo de construção e divulgação de conhecimento. Para Edna, representante de um projeto de pesquisa sobre a realidade de índios no Tocantins, o jornalismo ensinado nas universidades foge do interesse das comunidades. “Para ser mediador, o jornalista deve ouvir mais, estar mais próximo da realidade das pessoas”, afirma a pesquisadora.

Tecnologia e inclusão
Representante do CDI no Pará, Bruno Brasil contou a experiência de atuação do projeto, pioneiro em inclusão digital no Brasil e referência internacional. Tendo como objetivos a qualificação técnica e a promoção de cidadania em comunidades de baixa renda por meio da tecnologia, a ONG também oferece serviços à população, como cursos e qualificação promocional.


Bruno considera a comunicação uma ferramenta de mudança social: “o impacto que nós queremos é a transformação nas comunidades, e isso só acontece se todos caminharem juntos, pelo mesmo objetivo”, ressalta.

Comunicação e movimentos sociais
A comunicação de um dos movimentos sociais mais conhecidos e articulados do Brasil também esteve representada. Solange Engelmann falou como o MST se organiza e mostra para a sociedade os posicionamentos da instituição. Por meio das diversas mídias em que o Movimento atua, do impresso à web, Solange reafirma as falhas do processo comunicacional social: “Esta comunicação do MST mostra a necessidade dela ser um direito do cidadão, como sujeito do processo”.

A integrante do MST também propõe uma mudança de atitude por parte dos governos, com relação à legislação sobre concessões públicas de rádio, além de um maior espaço na mídia hegemônica para produções alternativas. Para ela, “a democratização da comunicação deve estar inserida em um projeto de mudança política e transformação social”.

Texto: Gustavo Ferreira
Foto: Renan Mendes

Direitos humanos e lutas sociais no primeiro painel do Mídia Cidadã 2011

Na noite de quinta-feira, 20, aconteceu o painel “Direitos humanos e lutas sociais” com a participação da professora Cicília Peruzzo, representando a Cátedra da Unesco de Comunicação para o Desenvolvimento Regional, Carlos Freire, da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), e a promotora do Ministério Público Leane Barros.

O painel iniciou com Carlos Freire que apresentou aos participantes a sua ação executada, desde 2005, em parceria com o Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (CEDECA-EMAÚS), para a sensibilização e conscientização do tráfico de seres humanos, no setor hoteleiro, assim como a exploração e sexual de crianças e adolescentes. O projeto, já em 2006, contava com 85% dos hotéis da capital paraense engajado na causa.

A professora Cicília Peruzzo trouxe à tona a discussão dos direitos humanos, entre eles, o direito inquestionável à comunicação. A professora ressaltou que os direitos humanos estão acima de qualquer legislação e é uma verdadeira conquista social baseada em necessidades humanas que surgiram em outrora e que também ainda estão por vir. Cicília exemplificou a prática das rádios comunitárias, muitas vezes, perseguida pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e pela Polícia Federal.

Encerrando o painel, a promotora Leane Barros apresentou a realidade diária do combate à exploração infantil, junto ao descaso no que diz respeito ao cuidado de jovens infratores. Nos anos 2000, segundo Leane, já existiam no Brasil 11,5 milhões de crianças em extrema miséria. Esse índice já é superior atualmente e cresce também o índice de exploração de crianças no meio doméstico, por meio da exploração sexual ou do trabalho. A promotora ainda ressaltou que muitas famílias ignoram essa realidade dentro de suas próprias casas, contribuindo para que essa luta social demore a cessar.

Texto: Heloisa Iêda Barbosa Quadros

Gingado da Capoeira Quilombola de Itacoã no Mídia Cidadã

A programação da tarde desta quinta-feira, 20, abriu com o gingado de capoeira das crianças da comunidade quilombola paraense de Itacoã, localizada na Região do Baixo Acará. Os participantes do Mídia Cidadã tiveram a oportunidade de prestigiar a apresentação, com raízes da cultura negra na Amazônia, mas também de traços próprios que valorizam a cultura quilombola local.

Para a estudante Tábita Oliveira, que integra a ONG “Missão Friuli da Amazônia”, de Belém, a atividade cultural foi importante para incentivar o contato dos participantes do evento com a cultura da região. “Falar de mídia na Amazônia também é falar de cultura e, nós, comunicadores, temos que ter contato com a cultura para saber como difundir informações sobre a nossa própria história”, afirmou.

E foi destacando a história dos quilombolas de Itacoã que as músicas ganharam novo sentido para as vinte crianças que participaram do grupo de capoeira. “Vemos a capoeira como uma forma de expressão muito importante para trabalharmos com as crianças humildes e quilombolas o lado lúdico da conscientização ambiental, da identidade e das raízes locais”, disse Rodrigo Braga, um dos coordenadores do projeto.

Segundo Leonel das Chagas, coordenador do projeto, incentivar a dança e a música significa valorizar as tradições que estão mais ligadas às raízes da cultura quilombola. “A capoeira é um meio que encontramos para resgatarmos a identidade local dos quilombolas de Itacoã, que muitas vezes vai se perdendo com o tempo”, conclui.

Texto: Tatiara Ferranti
Foto: Everton Pereira

Lúcio Flávio Pinto participa da Conferência de Abertura do Mídia Cidadã 2011

“Nossa missão é alimentar a sociedade com informações verdadeiras, sem privilegiar interesses de terceiros”. Esse foi um dos pontos apresentados pelo jornalista e sociólogo Lúcio Flávio Pinto durante a Conferência de Abertura do Mídia Cidadã 2011, intitulada “Como comunicar a verdade da Amazônia”, realizada na quinta-feira, 20.

“A verdade é um meio de libertação, mas muitas vezes essa verdade é reprimida. Os jornalistas não podem se intimidar diante da verdade. Nós, comunicadores, temos o direito e o dever de falar a verdade, de falar os fatos sem ter a possibilidade de eles serem contestados”, afirmou o fundador do Jornal Pessoal, criado há mais de vinte anos e que circula até os dias atuais. O impresso se destaca por não possuir vínculo a nenhum grupo político e/ou empresarial.

A configuração político-econômica da Amazônia também foi discutida pelo jornalista. Em relação ao processo de desmatamento e o desenvolvimento da região, Lúcio afirmou que na Amazônia, quanto mais notável o desenvolvimento, maior é a colaboração para o desaparecimento dos recursos naturais, e a falta de compromisso da grande mídia com a verdade contribui para o processo. “As pessoas tem medo da floresta, elas tem raiva e querem transformá-las de acordo com a sua maneira e estilo de vida”, opina Lúcio Flávio Pinto.

O jornalista ainda questionou a existência da opinião pública na Amazônia e como isso implica na sua prática do jornalismo: “o que importa é saber o que está por trás de uma palavra de ordem, pois podemos estar cometendo um terrível erro, um terrível julgamento. Não podemos ser coniventes com mentiras e até mesmo com as ‘falsas verdades’ ou com as ‘mentiras bem contadas’ que nos impõem”, ressalta Lúcio.

Texto: Myrian Connor e Tatiara Ferranti
Foto: Marília Jardim

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Oficinas são realizadas durante o Mídia Cidadã

As cinco oficinas do Mídia Cidadã 2011 foram realizadas na última quinta-feira, 20. As atividades abordaram temas diversos como a produção de pogramas de rádio em escolas e comunidades e a comunicação da ciência por meio das novas mídias.

Rádio e Cidadania
Luciana Kellen é integrante da Rádio Margarida e diretora do programa “Estação”. Ela foi a responsável pela oficina “Cidadania nas rádios: noções básicas para a produção de programas de rádio em escolas e comunidades”. A proposta era apresentar características principais para a produção de programas e textos radiofônicos em escolas, organizações não-governamentais, comunidades etc.

Um dos pontos de destaque da oficina foi a discussão em torno do uso de uma linguagem adequada no rádio, evitando termos que, de alguma maneira, possam ferir os direitos de terceiros, garantindo os fins de cidadania e promoção dos direitos humanos, em especial os das mulheres, crianças e adolescentes.

Material obsoleto? Não aqui!
A metareciclagem se estrutura no reaproveitamento de qualquer material considerado obsoleto. A oficina de metareciclagem foi realizada com a proposta de combater a conhecida “obsolescência programada”, termo relaconado à velocidade em que as tecnologias são descartadas com o surgimento de novas. Dennie Fabrizio, responsável pela oficina, há muito tempo atuou na ONG “Projeto Saúde e Alegria” que, além de promover a inclusão social de ribeirinhos, financia pequenos projetos que apresentam modelos de desenvolvimento sustentável.

Blogs e redes sociais: transformação da realidade
Jader Gama, do Coletivo Puraqué, ministrou a oficina que surgiu com a propostar de apresentar como os blogs podem ser usados como ferramentas de comunicação na transformação da realidade de jovens em regiões periférias. Entre as atividades desenvolvidas, os participantes aprenderam a gerenciar conteúdos em plataformas como o Wordpress, assim como a atualização em outras redes sociais. Os blogs criados na oficina estarão disponíveis no site www.culturadigital.br.

Vídeos educativos
Os participantes da oficina entraram em contato com a produção de roteiros educativos. Mas o que seria um vídeo educativo? Para ser considerado como tal, ele deve buscar por meio de uma informação objetiva e direta, podendo ser em diferentes linguagens, a mudança de certos hábitos. José Arnaud, coordenador da ONG Rádio Margarida, ministrou a oficina e destacou a importância de vídeos educativos por ser uma área ainda pouco explorada, com a necessidade de profissionais capacitados no ramo.

Ciência e novas mídias
A jornalista Joice Santos, auxiliada pelos estudantes Paola Caracciolo, Jéssica Vasconcelos, Luena Barros e Tomaz Penner, ministrou a oficina “Práticas de comunicação da ciência utilizando novas mídias”. Eles integram o Laboratório de Comunicação Móvel, do Museu Paraense Emílio Goeldi, e apresentaram a possibilidade de divulgação científica por meio de mídias de baixo custo (celulares, por exemplo), além de incentivarem a produção de conteúdo sobre a Amazônia para expor, por meio dessas mídias, tanto para os habitantes, quanto para os que não vivem aqui, a diversidade da região, não só natural, mas também em outros aspectos. Joice ressaltou a troca entre o grupo que ministrava a oficina e os participantes, entre alunos e professores, em relação às técnicas utilizadas.

Texto: Laís Nunes

Começa oficialmente a II Conferência Sul-Americana e VII Conferência Brasileira de Mídia Cidadã

A preocupação de se pensar em uma rede que fosse engajada, participante e empenhada em discutir sobre as formas alternativas de mídia fez com que em novembro de 2009 iniciasse as atividades de formação da Rede Brasileira de Mídia Cidadã.

Desde o seu início, teve como princípios que destacavam o fazer e o lutar por uma mídia ímpar, em que toda diferença estava no acreditar, lutar e mostrar alternativas para o modelo de mídia vigente e que nos é imposto como verdadeiro ou como padrão de informação e verdade, limitando a sociedade de acordo com os interesses dos veículos, assim, tornando-os fantoches. A mídia alternativa veio dar sentido, dar voz e vez e mostrar a realidade ao povo.

A fim de promover a discussão entre a sociedade civil, cientistas sociais, advogados, professores e estudantes de diversas áreas de estudo, iniciou-se ontem, 20, no Centro de Eventos Benedito Nunes (UFPA) a II Conferência Brasileira e VII Conferência Sul-Americana de Mídia Cidadã. Com a presença de alguns precursores da Rede Brasileira de Mídia Cidadã, tais como as professoras Cicilia Maria Krohling Peruzzo e Ariane Carla Pereira.

“É preciso acreditar, fazer e conscientizar os cidadãos sobre o potencial de uma mídia alternativa e trabalhar efetivamente, afinal os nossos desafios são muitos, e começam pelas palavras que designam atitudes”, disse a professora Ariane Carla, que atualmente preside a Rede Brasileira de Mídia Cidadã.

A primeira Conferência Brasileira de Mídia Cidadã ocorreu na Universidade Metodista, na cidade de São Paulo, no fim do ano de 2009, e teve como objetivo tratar do mapa da comunicação cidadã. Ao final do evento, foi elaborada a carta de São Bernardo, que hoje tem o debate principal retomado na II Conferência Sul-Americana VII Conferência Brasileira de Mídia Cidadã por meio do tema “Amazônia e o direito de comunicar”. A professora Cicilia Peruzzo destacou que a preocupação com a democratização da comunicação como direito humano ainda não está assegurado, de fato, devido a fatores sociais, econômicos e políticos.

A exclusão social agravada pela má qualidade da educação restringe ainda mais o direito de comunicar para a população, dificultando o acesso aos meios e, sobretudo, da produção de conteúdo. A cidadania no comunicar não inclui somente o acesso à informação, mas também a sua compreensão, assumindo, com isso, o protagonismo como agente dos processos de comunicação.

Texto: Myrian Connor

Atenção! Segundo dia de Mostra de Vídeo Cidadão será no Auditório do ITEC (UFPA)

A III Mostra Nacional de Vídeo Cidadão terá continuidade nesta sexta-feira, 21, a partir das 14h. Hoje, as exposições serão no Auditório do Instituto de Tecnologia (ITEC), localizado no campus profissional da Universidade Federal do Pará (UFPA). O acesso mais fácil é pelo Portão 3 da UFPA. Há monitores no local para informar os participantes. A Mostra de Vídeo Cidadão integra a programação da II Conferência Sul-Americana e VII Conferência Brasileira de Mídia Cidadã.


Comissão Organizadora

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Produção audiovisual de várias partes do Brasil presente no Mídia Cidadã 2011

3ª Mostra Nacional de Vídeo Cidadão retrata a multiplicidade cultural e social do país por meio de trabalhos voltados ao social.

A diversidade cultural e social do Brasil nos revela desafios e possíveis soluções para a plenitude da cidadania. Essa pluralidade de experiências é amplamente abordada por pesquisadores de diferentes universidades e instituições afins, que buscam analisar as problemáticas sociais brasileiras e produzem material de análise que fomentam debates sobre o tema.
Para o compartilhamento
desses materiais, foi realizada a 3ª Mostra Nacional de Vídeo Cidadão, na manhã desta quinta-feira, 20, abrindo o dia da II Conferência Sul-Americana e VII Conferência Brasileira de Mídia Cidadã. Cerca de 20 trabalhos foram apresentados para um grande público, mostrando a relação entre a comunicação cidadã e o próprio povo, por vários ângulos.

Foram expostos vídeos produzidos em universidades de outros estados, além de produções locais, valorizando os múltiplos pontos de vista sobre como fazer uma mídia voltada para as comunidades, cada vez mais próxima do cidadão.


Uma das expositoras, a professora Ariane Pereira, da Universidade Federal do Centro-Oeste (UNICENTRO-PR) mostrou a situação de abandono de alguns bairros pobres da cidade paranaense de Guarapuava. A série de vídeos “A voz das ruas”, projeto realizado pelos seus alunos de Jornalismo, denuncia o descaso por parte do poder público com relação aos moradores.

Segundo Ariane, idealizadora da Mostra em 2009, a proposta é a de divulgar pesquisas e suscitar discussões: “O Brasil é um pais plural e a idéia é a de mostrar a todo o país as problemáticas existentes e promover o debate de idéias para construir uma comunicação cidadã”.
Além de promover o debate, o evento tem como objetivo “fomentar a produção científica nacional, com relação à mídia cidadã, para que mais pessoas no Brasil inteiro tenham acesso a esses vídeos e possam participar dos debates. Esse é o foco do evento”.

Raquel Trindade, aluna do 4º semestre de Jornalismo da UFPA, mostrou um projeto de Rádio Escolar na Ilha de Caratateua, em Belém. Os alunos da Escola Estadual do Outeiro fazem funcionar, orientados em uma oficina de rádio, uma estação com programação própria transmitida para todo o colégio, graças à dedicação de professores e dos próprios jovens.
Para Raquel, a proposta era buscar uma mídia alternativa que propusesse um benefício social a uma comunidade. “Quando falamos de mídias alternativas, o intuito é de que ela seja um transformador social, e neste caso de Outeiro, foi o que aconteceu”, disse a estudante.

Ainda sobre a Rádio Escolar, os alunos engajados no projeto passaram a enxergar o mundo com outros olhos, críticos com relação à sociedade e que as mudanças sociais ultrapassaram os limites da escola. “A gente tem voz, mas precisa ser ouvido. Por meio do projeto, estes alunos conseguem ser ouvidos”, afirma a estudante.

Texto
: Gustavo Ferreira

Foto: Roberta Aragão

Professores e estudantes interagem na Sessão de Lançamento de Livros

Entre paradas para receber um elogio ou para escrever uma dedicatória, os autores expostos na Sessão de Lançamento de Livros do Mídia Cidadã 2011 aproveitaram o momento para trocar experiências. O hall do auditório do Centro de Eventos Benedito Nunes foi tomado por uma atmosfera de descontração em que estudantes aproximavam-se dos professores nos seus diversos idiomas.

Pelo menos dez obras foram expostas. Títulos de professores renomados como César Bolaño - Comunicación, Educación y Movimiento Sociales em América Latina -, Fábio Castro - A Cidade Sebastiana. Era da Borracha, memória, melancolia numa capital de periferia da modernidade -, além da coletânea “Belém do Pará: história, cultura e sociedade” que congrega artigos da professora e pesquisadora do Núcleo de Altos Estudos da Amazônia (NAEA) Ligia Simonian.

Um dos livros lançados foi “Economia Política da Comunicação: convergência tecnológica e inclusão digital”, do professor Valério Brittos, no qual ele aborda como a sociedade pode se apropriar das tecnologias para buscar minimamente a horizontalidade da Comunicação. Brittos enfatiza que a ideia da convergência tecnológica e da inclusão digital não encerram o problema por não serem suficientes e por haver necessidade de passar pela questão das políticas públicas, mas aponta a inclusão como um dos caminhos para essa horizontalidade.

Outra leitura importante para qualquer estudioso da Comunicação é a coletânea organizada pela professora Sônia Virgínia Moreira, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), que mapeia o radiojornalismo brasileiro ao longo de 70 anos com diversos artigos de pesquisadores de todo o país. Pesquisadora em rádio no Pará, a professora Luciana Miranda também tem artigo publicado na coletânea. “70 anos de Radiojornalismo no Brasil” traz em suas páginas a história desse veículo e aborda também os aspectos políticos, econômicos e sociais do país.

No âmbito local, o livro rememora a fundação da Rádio Clube do Pará, primeira emissora de rádio do Norte do Brasil e atuante até hoje, além das histórias dos primeiros programas e a contribuição e influência desses produtos refletida, inclusive, atualmente.

Texto: Rosana Itaparica
Foto: Renan Mendes

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Um canto de protesto contra Belo Monte

Foi com a apresentação do cordelista João de Castro que nesta quarta, 19, continuou o I Festival de Artes Mídia Cidadã, que ocorre dentro da programação da II Conferência Sul-Americana e VII Conferência Brasileira de Mídia Cidadã.

A apresentação de João mostrou o quanto é forte a ligação entre música e poesia, especialmente entre música e literatura de cordel. A literatura de cordel pode ser cantada ou falada. De um modo ou de outro, a musicalidade lhe é um
elemento particular.

João é um poeta independente. Custeia e publica o seu trabalho com recursos próprios. Por conta da pouca visibilidade que tem, ele acha sempre positivo quando lhe abrem espaço para divulgar o seu trabalho.

É antigo o interesse de João de Castro pela poesia em geral e principalmente pela literatura de cordel. “Eu sou poeta de berço”, diz. Na opinião de João, a literatura de cordel é uma das formas de expressão e de comunicação mais vigoras e incisivas para fazer protesto e crítica social. Por meio da literatura de cordel, João de Castro expõe situações cotidianas, assim como questões e posições políticas. Segundo ele, a literatura de cordel viabiliza a compreensão, tanto do leitor quanto do ouvinte. “É uma linguagem didática, de fácil compreensão.”

Na apresentação de hoje, montada especialmente para o Mídia Cidadã, o cordelista João foi acompanhado pelos músicos Samuel Bezerra (Percusionista) e Fernando Vahia (Violonista). A ideia de musicar alguns textos do livro “Belo Monte: O Belo do Destruir”, de João de Castro, partiu de Samuel e Fernando.

Essa foi a primeira vez que os três se apresentaram juntos. Até então, eles nem sequer se conheciam. O primeiro contato entre eles se deu justamente no dia do único ensaio que fizeram para a apresentação. Eles pretendem, para a alegria dos fãs da literatura de cordel e da boa música, seguir adiante com o projeto.

Texto: Pedro Fernandes
Foto: Tammy Caldas

MST e ONG Rádio Margarida na Feira Nacional de Mídia Cidadã


Durante os dias da II Conferência Sul-Americana e VII Conferência Brasileira de Mídia Cidadã acontece a IV Feira Nacional de Mídia Cidadã. O espaço tem a proposta de expor e compartilhar conhecimento e vivências a partir de diversos produtos de comunicação realizados por profissionais, acadêmicos, integrantes de movimentos sociais, organizações não-governamentais e representantes da sociedade civil.

A ONG Rádio Margarida foi criada em julho de 1991, em Belém, e trabalha com vários produtos de comunicação como audiovisual e impresso. Radio novelas, curtas-metragens e as revistas da ONG estão expostos em um dos estandes da feira. O trabalho da organização é voltado para o combate, principalmente, à exploração infanto-juvenil.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) também marca presença na Feira. São 27 anos lutando por uma justa redistribuição de terra. Entre o material exposto, além das edições do “Jornal Sem Terra”, pode ser conferido também o “Jornal da Juventude Sem Terra”.

A IV Feira Nacional de Mídia Cidadã acontece até a próxima quinta-feira, 20, e está sendo realizada no Centro de Eventos Benedito Nunes, na UFPA.

Texto: Daniel Gomes
Foto: Everton Nascimento

Inscrições abertas para as oficinas de Metariclagem e Blogs e Redes Sociais

A partir das 12h de hoje, estão abertas as inscrições de Metareciclagem e de Blogs e Redes Sociais na secretaria do Centro de Eventos Benedito Nunes, na Universidade Federal do Pará.

As oficinas terão 15 vagas e serão ministradas pelo Coletivo Puraqué. A de Metareciclagem é trata da questão ambiental, sobre o mundo tecnológico e ainda da parte artística e cultural no meio do processo. Está baseada na ideologia da Cultura Digital e da Metareciclagem e seu objetivo é demonstrar que há formas de reaproveitar lixo tecnológico e de contribuir com o meio ambiente de uma forma muito simples.

Já a de Blogs e Redes Sociais, trabalha a iniciação de pessoas de todas as idades no mundo digital e da informática, sendo que todo o legado e a ideologia do software livre são discutidas e socializadas.

Não deixe de participar!

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Artigos são apresentados nas sessões de trabalho da ALAIC

Aconteceram hoje as sessões de trabalho que integram a programação do Seminário Regional ALAIC - Bacia Amazônia. Esses espaços foram destinados à apresentação de trabalhos acadêmicos, ao debate e às trocas de experiências quanto à pesquisa e produção científica na área da Comunicação.

Saiba mais: http://migre.me/5X5yN

Lançamento de livros no Seminário da ALAIC

Da prática diária do Jornalismo à uma análise intersubjetiva da memória belenense sobre a Era da Borracha. Estes serão temas de dois dos 10 livros lançados amanhã, 19, no terceiro dia do I Seminário Regional ALAIC – Bacia Amazônica. O lançamento ocorrerá às 17h30, no Centro de Eventos Benedito Nunes, na UFPA.

Serão lançados os livros:

1. Prof.ª Dr.ª Luciana Miranda
Livro: 70 Anos de Radiojornalismo no Brasil.

2. José Miguel Gonzalez
Livro: Comunicación, desarrollo cambio social: las interrelaciones entre comunicación, movimientos ciudadanos y medios.

3. Ismael Machado (Diário do Pará)
Livro: Sujando os sapatos - O caminho diário da reportagem.

4. Prof. Dr. Fábio Castro
Livro: A Cidade Sebastiana. Era da Borracha, memória e melancolia numa capital da periferia da modernidade.

5. Prof. Dr. Valério Brittos
Livro: Economia Política da Comunicação: convergência tecnológica e inclusão digital.

6. Prof.ª Dra. Ligia Simonian (NAEA)
Livro: Belém do Pará: história, cultura e sociedade.

7. Prof.ª Selma Leite
Livro: Educação sem fronteiras na Amazônia: trajetória e perspectivas da educação a distância da UFPA.

8. Antônio Ribeiro de Almeida Junior
Livro: Anatomia do trote universitário.

9. Prof. Dr. César Bolaño.
Livro: Comunicación, Educación y Movimientos Sociales em América Latina.

10. Raimundo Brabo
Livro: Amazônia em Devaneio.

11. Shirley Penaforte (fotógrafa)
Livro: Imagens Submersas

Colóquio de Rádios Comunitárias na Pan- Amazônia

O segundo dia do I Seminário Regional da ALAIC – Bacia Amazônica, que está sendo realizado na Universidade Federal do Estado do Pará, no Centro de Eventos Benedito Nunes, iniciou-se com o I Colóquio de Rádios Comunitárias na Pan-Amazônia. Contando com a presença de professores de diversas universidades, inclusive da Colômbia e Equador. Teve também a presença de lideranças e autoridades envolvidas com rádios comunitárias internacionais como João Paulo Malerba, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Leia: http://alaicamazonia.blogspot.com/

Mais duas oficinas no Mídia Cidadã

A II Conferência Sul-Americana e VII Conferência Brasileira de Mídia Cidadã oferecerá mais duas oficinas:

Metareciclagem

Ministrante: Dennie Fabrizio Lima Moreira. É um dos coordenadores do Coletivo Puraqué e atualmente exerce a função de gerencia do núcleo de metareciclagem.

Vagas: 15

Esta oficina é voltada para o público em geral, trata da questão ambiental, sobre o mundo tecnológico e ainda da parte artística e cultural no meio do processo. Está baseada na ideologia da Cultura Digital e da Metareciclagem. O objetivo aqui é demonstrar que há formas de reaproveitar lixo tecnológico e de contribuir com o meio ambiente de uma forma muito simples. Primeiro com o conhecimento do computador por dentro e depois demonstrando as formas de solucionar problemas de hardware. E ainda, quando obsoletos, como fazer arte, bijuterias e adereço com estes equipamentos.

Blogs e Redes Sociais

Ministrante: Larissa Carreira é graduada em Comunicação Social, Publicidade e Propaganda pela Universidade Federal do Pará – UFPA. É produtora e oficineira dos Encontros de Conhecimentos Livres, realizados em diversos municípios do Estado do Pará e da Amazônia e é membro do Coletivo Puraqué.

Vagas: 15

Local: Laboratório de Informática da Faculdade de Biblioteconomia - Fabib (ao lado da Biblioteca Central)

Esta oficina trabalha a iniciação de pessoas de todas as idades no mundo digital e da informática, sendo que todo o legado e a ideologia do software livre são discutidas e socializadas. É iniciado a manipulação do computador e dos sistemas Linux, explorando-se os principais recursos.

As inscrições poderão ser feitas no dia 19/10 no mesmo local do credenciamento.

Vagas limitadas!

César Bolaño fala sobre tema do I Seminário Regional ALAIC - Bacia Amazônica

O presidente da ALAIC, César Bolaño, participou da primeira mesa do Seminário Regional ALAIC - Bacia Amazônica, intitulada "La investigación en Comunicación en América Latina: Interdisciplina, Pensamiento Crítico e Compromiso social na Amazônia”.

Saiba mais em http://alaicamazonia.blogspot.com/


Música Latina no I Festival de Artes Mídia Cidadã

A mistura entre samba, baião e música caribenha da Orquestra de Música Latina empolgou o público na abertura do I Festival de Artes Mídia Cidadã. Regida pelo prof. Leonardo Coelho de Souza, da Escola de Música da UFPA, a Orquestra foi criada em 2005, composta por 18 ex-alunos da disciplina "Prática de Conjunto".

Leia mais: http://alaicamazonia.blogspot.com/

Preservação da cultura indígena é tema de exposição da IV Feira Nacional de Mídia Cidadã

A exposição “Arte e Etnia” traz fotos e utensílios para mostrar a cultura indígena preservada e miscigenada.

Montada no hall de entrada do Centro de Eventos Benedito Nunes, na UFPA, a exposição apresenta a cultura das etnias Asurini, Aweté, Kayapó e Tapajós por meio de fotografias, artesanatos e utensílios. São trabalhos artísticos em telas, pinturas corporais, rituais contados pelas câmeras de Jaime Lisboa, Alice Kholer e Alberto Apuero. Coordenada pelo consultor-executivo Jaime Lisboa, a exposição tem a proposta de fazer com que essas culturas sejam conhecidas e preservadas.

Miçangas e sementes são alguns dos materiais utilizados nas confecções dos colares. Armas fabricadas pelos índios também compõem a exposição, que conta histórias indígenas remotas e atuais. “Eles pegam elementos da cultura branca e dão um novo significado para esses elementos. Por exemplo, eles vêem os molhos de chaves que os brancos carregam e os consideram importantes, que eles têm poder, e assim, transformam as chaves em pingentes e carregam no pescoço”, explica Jaime.

Jaime destaca também que 90% das línguas que existiam no Brasil se extinguiram com a colonização europeia e que hoje a população indígena ocupa apenas 12% do território nacional. Segundo ele, “a tendência é sumir”, e essa é uma das causas que o fez montar a exposição.

A exposição “Arte e Etnia” fica disponível até a próxima quinta-feira, 20, e integra a programação da II Conferência Sul-Americana e VII Conferência Brasileira de Mídia Cidadã.

Texto: Gustavo Aguiar
Foto: Tammy Caldas

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

“Entranhe-se” no Mídia Cidadã 2011


Com a proposta de ser uma obra que se (des)constrói em interação com o público, a instalação “Entranhe-se”, do artista plástico Teodoro Negrão, abre o I Festival de Artes Mídia Cidadã, no primeiro dia de atividades do Mídia Cidadã 2011. A obra é elaborada a partir do miriti, produto tropical extraído da palmeira maurita flexuosal, comumente chamada de miritizeiro, encontrada nas matas, várzeas e beiras dos igarapés amazônicos.



“A idéia é que o público interaja com a obra, que ele se sinta proprietário dela, a transforme”, diz Negrão, artista plástico autodidata e estudante do Curso de Cenografia da Escola de Teatro e Dança da UFPA.



“Entranhe-se” é resultado do Prêmio Proex de Arte e Cultura 2010 e parte da pesquisa de mestrado do professor Bruce Macedo, sobre o miriti. Negrão, no entanto, busca experimentar novas formas de resistência e estética para o miriti, tradicionalmente utilizado por artesãos do município de Abaetetuba para fabricar brinquedos e comercializá-los durante o mês de outubro em Belém, no Círio de Nossa Senhora de Nazaré.


Arte em Miriti - Na concepção de “Entranhe-se”, o artista parte de duas pontas de miriti que vão entrelaçando-se e tomando forma, criando possibilidades variadas de leitura. A instalação tem como princípio o trabalho manual (estilete e mão). Pensada para espaços públicos, a obra propõe-se como uma obra aberta. “O nome ‘Entranhe-se’ é para que o público sinta-se livre para intervir, ela é uma obra efêmera. Em outros locais, teve gente que começou a mexer na estrutura, mudando a sua forma. Isso para mim é transformar, recriar a obra”.


Por essa idéia de diálogo, interação, Negrão considera que “Entranhe-se” comunica-se com o público. Por isso, ele vê no Mídia Cidadã 2011, um espaço privilegiado para a exposição de seu trabalho. “A obra tem essa relação abstrata com o homem, cada um vai ter uma opinião sobre ela. Me sinto bem dentro desse processo de comunicação, mas o importante é que o público tenha essa incomodação, eu quero é cutucar para ver no que vai dar”.


Artista e obra - Teodoro Negrão mora em Belém, tem 33 anos e é joalheiro. Trabalha há cerca de dois anos e meio com o miriti. A partir desse material, já criou bois-bumbás, máscaras africanas, objetos para o grupo de cultura popular Arrarial do Pavulagem e para escolas de samba para o Carnaval de Belém.


“Entranhe-se” já foi exposta em outros locais, como a Praça da Bíblia, na Cidade Nova e na Praça da República, atrás do Instituto de Ciências da Arte (ICA). Porém, a instalação não se repete, sendo recriada em cada espaço de exposição.Para contatar o artista, acesse o Facebook: Teodoro Negrão Negrão.






Texto: Gleidson Gomes

Foto: Tammy Caldas

Uma campanha que fecha as portas para a exploração sexual e abre convite à reflexão e ao diálogo

O diálogo é um exercício que se aprende desde criança. Crescemos e aprendemos que a comunicação é mais do que acessória, ela é um direito básico do ser humano e condição para a democracia. Por isso, não basta o acesso à informação e o combate à censura, mas é necessário criar condições para garantir que todos possam comunicar. Essa é a comunicação como um direito. E este é um convite para refletir a comunicação enquanto um dever.


Temos o dever de comunicar quando a sociedade necessita: para garantir a ordem, o bem estar, os direitos humanos e tudo o que venha a trazer benefícios para a coletividade. Desde 2005, uma iniciativa em Belém do Pará tem contribuído para sensibilizar, quebrar o silêncio e incentivar o diálogo contra a exploração sexual de crianças e adolescentes.

A campanha



O silêncio diz muita coisa, e muitas crianças e adolescentes têm sido silenciados pela violência da exploração sexual. Para evitar esse silêncio e o de quem pode falar, mas não denuncia, a campanha “Exploração Sexual – Estamos de Portas Fechadas” se lançou em um dos setores onde esse tipo de crime acontece: o turismo.


A campanha, que tem como principal objetivo prevenir a exploração sexual de crianças e adolescentes, é voltada para os hotéis e outros setores que formam a rede de turismo no Pará. É fruto de uma parceria entre a Associação Brasileira de Indústria de Hotéis (ABIH-PA) e o Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (CEDECA-Emaús), de Belém-PA.


Avaliada como uma das piores formas de trabalho infantil, a exploração sexual de crianças e adolescentes é também considerada crime pela legislação brasileira, que pune quem pratica, facilita ou atua como intermediário. Mas é na prevenção que a campanha “Estamos de Portas Fechadas” atua: convidando os hotéis e demais estabelecimentos ligados ao turismo a participarem da iniciativa; formando o quadro de pessoal dos hotéis que já aderiram para identificarem e procederem nas situações de exploração; estabelecendo um Código de Conduta para orientar os que participam e um constante monitoramento das suas ações; e, futuramente, certificando os estabelecimentos que apresentarem conduta exemplar no turismo sustentável e na defesa dos direitos humanos.


Nesse sentido, as pessoas e empresas do setor turístico, por terem grandes chances de ficarem expostos a esse tipo de crime, podem trabalhar como multiplicadores dos princípios de defesa dos direitos da criança e do adolescente. “A ideia é de que a gente possa, no futuro, utilizar a rede do turismo como uma grande rede de proteção”, afirma Carlos Freire, presidente da ABIH-PA.

Referência


No final de agosto, foi lançada a segunda fase da campanha que já é considerada um modelo no turismo sustentável e direitos humanos. O olhar diferenciado para o tema foi decisivo para o sucesso da iniciativa: a sensibilização promovida permite que seja considerado todo o contexto do problema, visto como resultado de uma série de implicações que devem ser consideradas. Assim, quem antes ficava alheio à exploração sexual passa a se sentir também um responsável pela sua prevenção.


Pensada para atender uma demanda local, ou seja, de Belém que não está no topo dos destinos turísticos onde mais ocorre esse tipo de crime, a campanha repensou as peças publicitárias destinadas ao setor turístico de forma geral e tirou o foco da denúncia e punição para centralizar na sensibilização e prevenção.


Para chamar atenção para a importância do diálogo e da comunicação, dá abertura para que se forme uma rede de proteção, e não apenas um modelo de campanha que vem “do alto”, de quem conhece o tema de forma profunda e/ou produz o material comunicativo para um público não considerado nas suas especificidades. Nesse sentido, a campanha não só vai além desse modelo amplo de abordagem, mas também ultrapassa a abordagem superficial que a mídia de forma geral dá a esse tipo de assunto: “Ela [a mídia] dá uma ênfase muito grande [em determinados casos], mas não levanta uma discussão na sociedade: quais são as alternativas? Quem está fazendo o quê? Como fazer para que isso não volte a se repetir?”.


Hoje, além da parceria inicial entre CEDECA-Emaús e ABIH-PA, o movimento conta também com a parceria de organizações como o Instituto Criança Vida, o Pro Paz (Governo do Pará) e o Ministério Público do Trabalho.




Texto: Élida Cristo

sábado, 15 de outubro de 2011

Encerramento do Mídia Cidadã 2011 no coração cultural de Belém

A programação do último dia da II Conferência Sul-Americana e VII Conferência Brasileira de Mídia Cidadã será realizada no Espaço Municipal Cine Olympia, local significativo para a cultura local, não somente por sua história e localização, mas pelo processo que o tornou o espaço de cultura que é atualmente.

Considerado o cinema mais antigo em funcionamento no país, o Cine Olympia foi fundado no dia 24 de abril de 1912 pelos empresários Carlos Teixeira e Antonio Martins, que também viriam a ser donos do Grande Hotel e do Palace Theatre, que funcionaram no mesmo perímetro e eram ícones da riqueza e glamour trazidos pela economia da látex.

Em 1960, o cinema passou por uma reforma que mudou sua fachada eclética para traços modernistas, que então estavam na moda. Apesar disso, sofreu com a falta de infra-estrutura ao longo das décadas seguintes. Quase fechou em 2006, mas a partir de um acordo entre a empresa proprietária e a prefeitura de Belém, continuou suas atividades como espaço cultural, agora sob coordenação da Funbel (Fundação Cultural do Município de Belém).

Participação Cidadã e Cultura

Nesse processo, foi notório o envolvimento da população, que compareceu em peso àquela que seria a última sessão do cinema e chamou atenção para importância de que o espaço continuasse funcionando.

Atualmente, o Espaço Municipal Cine Olympia atende à população como local de seminários, debates e outros eventos, além das mostras regulares de filmes nacionais e internacionais para diversos públicos, com destaque para o infanto-juvenil, com o projeto A Escola Vai ao Cinema. Ações de cidadania como as discutidas durante todo o Mídia Cidadã 2011, e que têm como ponto central mídias cinematográficas e audiovisuais.

Recentemente, vêm sendo desenvolvido um projeto para ampliar o alcance das atividades de cultura e educação realizadas no espaço, por meio de parceria com o curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Pará, de maneira a agregar ainda mais pessoas na produção, distribuição, fruição e crítica de cinema e audiovisual

A Praça da República

O Cine Olympia está localizado na Praça da República, outro importante patrimônio da cidade de Belém. Conhecida originalmente como Largo da Pólvora, a Praça da República é uma referência para o paisagismo da cidade, abrigando em seu entorno prédios históricos importantes como o neoclássico Theatro da Paz, inaugurado em 1878.

A Praça da República passou por diversas transformações ao longo do tempo é uma referência simbólica do período conhecido como a Belle Èpoque amazônica. Além de ser uma rica amostra das interações, conflitos e diálogos socioculturais que se estabeleceram ao longo da história do Pará e da Amazônia, a praça da república continua sendo palco para importantes manifestações culturais da cidade, sendo utilizada por grupos de teatro, companhias folclóricas, artesãos e outros artistas de rua para apresentações e venda de produtos.

Texto: Uriel Pinho

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Programação disponível!

A programação do Mídia Cidadã já está disponivel no nosso site www.midiacidada.ufpa.br.

Lá você poderá conferir os temas que serão debatidos durante a II Conferência Sul-Americana de Mídia Cidadã e da VII Conferência Brasileira de Mídia Cidadã, os convidados da programação e ainda as atividades culturais que irão acontecerão durante toda a semana.

São ações que visam reunir estudantes e pesquisadores de diversas áreas do conhecimento, profissionais liberais, comunicadores, militantes e representantes de movimentos sociais, de ONGs e demais representantes da sociedade civil para o debate sobre o papel dos meios de comunicação e a reflexão sobre a utilização da mídia como motivadora da cidadania.

Veja programação comleta no link

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

A Rede Brasileira de Mídia Cidadã

Quando a Conferência Brasileira de Mídia Cidadã estava em sua 5ª edição, em 2009, na Universidade Estadual do Centro-Oeste (Guarapuava-PR), começava a se consolidar uma rede de instituições e pesquisadores que se uniriam em torno de um objetivo comum: por uma mídia mais cidadã. O que inicialmente estava apenas no plano das ideias, nas conversas entre José Marques de Melo e Maria Cristina Gobbi (na época diretor e diretora-suplente da Cátedra Unesco/Umesp para o Desenvolvimento Regional) e Ariane Pereira (Unicentro, Guarapuava/PR), foi levado para outros pesquisadores durante aquele Mídia Cidadã. Estes também abraçaram a ideia.


O grupo, agora maior – pois já contava com o apoio de Claudio Muller (Fadep, Pato Branco/PR), de Ilka Goldschmidt (Unochapecó, Chapecó/SC) e de Iluska Coutinho (UFJF, Juiz de Fora/MG) –, se reuniria pouco mais de um mês depois para concretizar a Rede Brasileira de Mídia Cidadã. Um Comitê Gestor da Rede foi criado já com pautas para serem cumpridas: a realização da VI Conferência Brasileira de Mídia Cidadã e da I Conferência Sul-americana de Mídia Cidadã, o desenvolvimento de ações como recuperar e sistematizar a memória do evento, a aproximação com outros organismos sociais e a publicação de livros e/ou revistas em torno do tema mídia e cidadania.


Hoje, os desafios iniciais foram conquistados: dois livros já foram lançados, o site com a memória dos eventos e a apresentação da Rede já está no ar (http://www.unicentro.br/redemc/) e estamos às vésperas da II Conferência Sul-americana e da VII Conferência Brasileira.


A Rede Brasileira de Mídia Cidadã está consolidada e em constante movimento: a continuidade do projeto está no convite que se faz a empresas de comunicação, sociedade civil, universidades e demais entidades e atores sociais para que se juntem à Rede e contribuam para que o debate permaneça sempre atual e que suas as ações e leituras críticas alcancem o maior número possível de pessoas.

Rede que conecta, rede que envolve


Em entrevista concedida à organização do Mídia Cidadã 2011, Ariane Pereira (coordenadora da Rede Brasileira de Mídia Cidadã), falou da diversidade midiática e cultural do Brasil e da importância da Conferência ser realizada em diferentes lugares para o compartilhamento de experiências e conhecimentos entre as diferentes regiões do país.


Componente essencial da Rede, as Conferências de Mídia Cidadã são de extrema importância não só porque são momentos únicos de encontro entre os seus membros, mas porque também permitem a inclusão de novos adeptos e parceiros à causa. Como a rede de pescaria, a Rede em prol de uma mídia mais cidadã se lança nas diferentes regiões do país, sensibiliza e envolve mais pessoas. A expectativa é de que na Região Norte, onde se realiza pela primeira vez, seja da mesma forma.


Texto: Élida Cristio

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A Folkcomunicação na Amazônia

A Folkcomunicação é tida como a primeira teoria brasileira de comunicação e tem como grande alicerce a tese de Luiz Beltrão, defendida na Universidade de Brasília em 1967. O pesquisador pernambucano vê no folclore uma forma de comunicação coletiva. De acordo com Beltrão, a Folkcomunicação é “o processo de intercâmbio de informações e manifestação de opiniões, idéias e atitudes da massa, por intermédio de agentes e meios ligados direta ou indiretamente ligados ao folclore”.



Ao longo dos anos, a teoria de Beltrão foi ganhando novo fôlego na academia, sendo atualizada e reformulada. Marques de Melo destaca as contribuições de Joseph Luyten, evidenciando a sua concepção de folkmídia, na qual amplia-se a percepção dos processos folkcomunicacionais, não mais considerados apenas a partir da tradução das mensagens massivas pelos comunicadores folk como previam os estudos fundacionais, mas, também, como a apropriação da cultura popular pela indústria cultural, inclusive o turismo.



Em âmbito latino-americano, a Folkcomunicação é discutida nos congressos da Asociación Latinoamericana de Investigadores de la Comunicación (ALAIC), nos congressos da INTERCOM e a Revista Internacional de Folkcomunicação , ambos voltados para as discussões e difusão desta área de pesquisa.

O contexto cultural amazônico



A região amazônica caracteriza-se culturalmente por uma “diversidade diversa”, no dizer do professor e poeta João de Jesus Paes Loureiro. Para além da riqueza produzida pelo imaginário local, mergulhado em lendas e mitos, no âmbito da cultura popular as manifestações expressam a criatividade do caboclo amazônico, indo desde o boi-bumbá, até aos pássaros juninos e cordões de bicho, no estado do Pará, especificamente.



Por esta característica, a Amazônia torna-se um espaço privilegiado para a pesquisa em Folkcomunicação, na medida em que esta teoria volta-se para a análise dos processos comunicativos desenvolvidos a partir da cultura popular. À necessidade de observarmos, no contexto amazônico, a interrelação existente entre a comunicação e a cultura. Mais especificamente, a Folkcomunicação permitiria compreender a cultura popular na Amazônia em seus aspectos comunicativos.



E é nesse sentido a proposta das Conferências de Mídia Cidadã, que acontecem em Belém do Pará, no período de 17 a 22 de outubro. A ideia é trazer para a academia e sociedade amazônicas, no decorrer das mesas, painéis e mostra de vídeo que compõem a programação, as experiências práticas de comunicação dos grupos populares e movimentos sociais, bem como debater as pesquisas realizadas em torno destes temas.



Mais informações em: http://www.midiacidada.ufpa.br/


Texto: Gleidson Gomes